Envelhecimento e diagnóstico tardio explicam alta nas mortes por câncer em Divinópolis, avalia oncologista

  • 27/11/2025
(Foto: Reprodução)
Novembro Azul: diagnóstico precoce do câncer de próstata aumenta chances de cura A combinação entre diagnóstico tardio, envelhecimento da população e estilo de vida marcado por fatores de risco ajuda a explicar a alta de mortes por câncer em Divinópolis na última década. Os óbitos cresceram 54% no período, passando de 246, em 2014, para 379 em 2023, segundo dados do Ministério da Saúde analisados pelo Observatório de Oncologia. Os homens são as principais vítimas, e tumores como pulmão, cólon e reto, mama, estômago e próstata lideram as estatísticas no município. Segundo o oncologista clínico Neto Pereira, que atua no Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) e integra o serviço de Oncogenética da Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (Acom), o cenário visto em Divinópolis acompanha o que tem sido registrado em outras regiões do país. "Os números mostram que Divinópolis está perdendo mais vidas para o câncer, mas esses dados não são uma sentença. Eles são um pedido de atenção". ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Centro-Oeste no WhatsApp Envelhecimento pesa na curva da mortalidade O médico afirmou que o aumento observado na cidade não é isolado e acompanha uma tendência nacional. Segundo ele, o envelhecimento populacional foi um dos principais fatores que influenciaram os números. “Divinópolis envelheceu de forma consistente na última década, e o câncer é inequivocamente uma doença associada ao envelhecimento celular. À medida que mais pessoas envelhecem, aumentam também as chances de surgirem tumores". Neto acrescentou que entre 60% e 70% dos diagnósticos de câncer acontecem em pessoas acima dos 60 anos e que municípios com maior expectativa de vida, naturalmente, registram mais casos da doença. Estilo de vida e diagnóstico tardio agravam a situação Além da questão demográfica, fatores de risco continuam muito presentes no cotidiano da população: tabagismo, alimentação rica em ultraprocessados, obesidade, sedentarismo e consumo de álcool. “O tabagismo segue sendo o maior responsável por mortes evitáveis relacionadas ao câncer. Mesmo quem parou há anos ainda mantém um risco residual”, explicou o oncologista. A alimentação ocidentalizada [padrão alimentar rico em ultraprocessados, gorduras, açúcares e carnes processadas, com baixo consumo de fibras e alimentos naturais], segundo ele, também influencia diretamente no aumento dos tumores de cólon e reto, que vêm crescendo no mundo inteiro. Já o sedentarismo e a obesidade alteram processos hormonais e inflamatórios que favorecem o surgimento de tumores. Mas um dos fatores mais determinantes continua sendo o diagnóstico tardio. “Quando o tumor é descoberto tarde, a chance de tratamento curativo cai muito. Infelizmente, muitas pessoas convivem com sintomas por meses antes de buscar avaliação. Essa soma de risco elevado mais a detecção tardia explica boa parte da mortalidade observada". Homens continuam morrendo mais O levantamento mostrou que os homens seguem liderando as mortes por câncer na cidade. O médico afirmou que esse comportamento já era esperado e está ligado tanto a hábitos quanto à menor procura por atendimento. Tumores historicamente mais incidentes no sexo masculino, como pulmão e estômago, também contribuem para o cenário. “Eles fumam mais, consomem mais álcool, têm taxas maiores de sobrepeso e realizam menos consultas preventivas. O homem normalmente chega ao consultório já com sintomas instalados e, no câncer, sintomas significativos quase sempre significam doença avançada". LEIA TAMBÉM: Menino descobre tumor no cérebro após atropelamento e toca sino da vitória contra o câncer em Divinópolis Novembro Azul: trabalhador descobre câncer de próstata em exame periódico solicitado pela empresa em MG Estudante de medicina morre aos 27 anos vítima de câncer em Divinópolis Tumores letais seguem padrão nacional Entre os tipos de câncer que mais matam em Divinópolis, os cinco primeiros refletem o comportamento observado no Brasil: Pulmão, em grande parte relacionado ao tabagismo histórico; Cólon e reto, associados à alimentação e estilo de vida; Mama, que exige regularidade na mamografia; Estômago, influenciado por infecção por Helicobacter pylori e hábitos alimentares; Próstata, extremamente prevalente após os 60 anos. “O problema do câncer de mama não é falta de diagnóstico, mas a irregularidade no acesso à mamografia. Já no de próstata, o tabu em torno da avaliação médica atrasa a investigação", avaliou Neto. Pessoa segurando cigarro Reprodução/EPTV Exames avançam, mas gargalos persistem Ao avaliar a rede de saúde, o oncologista afirmou que Divinópolis tem oferta de exames tanto na rede pública quanto na privada, mas com diferenças importantes entre elas. Na rede pública, a mamografia está disponível, mas exames como colonoscopia, ressonância magnética, tomografia com contraste e algumas biópsias ainda têm fila de espera. A atenção primária, segundo ele, também enfrenta desafios de estrutura. O médico destacou a ampliação feita pelo Ministério da Saúde, em outubro de 2025, do protocolo de rastreamento do câncer de mama no SUS — que passou a recomendar mamografia para mulheres de 40 a 74 anos — e a publicação de novas diretrizes para reforçar o diagnóstico precoce do câncer de cólon e reto. Na rede privada, o fluxo é mais rápido, mas depende dos convênios e credenciamentos. “São avanços importantes, mas essa expansão ainda está em fase de implementação, e o impacto real depende da capacidade de cada município de absorver essas mudanças e garantir acesso rápido aos exames". Sinais de alerta não podem ser ignorados Entre os sintomas que merecem investigação imediata, o oncologista destacou: perda de peso não intencional; sangue nas fezes; mudança constante no hábito intestinal; tosse persistente; nódulos na mama; sangramento vaginal após a menopausa; feridas que não cicatrizam; dificuldade para urinar em homens acima de 50 anos. “Esses sinais não significam necessariamente câncer, mas sempre merecem investigação. O maior erro é esperar ‘melhorar sozinho’", ressaltou Neto. Prevenção começa no dia a dia O oncologista reforçou que pequenas escolhas cotidianas acumuladas ao longo dos anos têm grande impacto na prevenção do câncer. Entre as medidas: não fumar; praticar atividade física; moderar álcool; preferir alimentos naturais; manter peso adequado; vacinar-se contra HPV e hepatite B; usar protetor solar; manter em dia os exames preventivos. "Quando a gente escuta os sinais do corpo, quando a cidade garante acesso rápido aos exames e quando cada pessoa entende que prevenção é cuidado com a própria história, nós mudamos essa curva. Cada diagnóstico precoce não é apenas uma estatística melhor, é uma vida que continua", completou. Cultura de células de câncer de mama vistas em microscópio eletrônico Ewa Krawczyk, National Cancer Institute/Georgetown Lombardi Comprehensive Cancer Center VÍDEOS: veja tudo sobre o Centro-Oeste de Minas

FONTE: https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2025/11/27/envelhecimento-e-diagnostico-tardio-explicam-alta-nas-mortes-por-cancer-em-divinopolis-avalia-oncologista.ghtml


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