O que primeiro registro de sauá albino na Mata Atlântica representa para o meio ambiente

  • 04/12/2025
(Foto: Reprodução)
Imagem do sauá albino capturada por drone Primatas Perdidos Pesquisadores do projeto Primatas Perdidos registraram pela primeira vez no mundo um sauá albino (Callicebus nigrifrons), no Parque Estadual do Rio Doce (Perd), em Minas Gerais, a maior área contínua de Mata Atlântica do estado. O avistamento foi feito por meio de drones equipados com câmeras, durante um levantamento populacional da equipe. "A câmera termal detectou o calor de alguns animais, e quando passamos para a câmera colorida, vimos um indivíduo completamente branco", explica Vanessa Guimarães, bióloga e uma das fundadoras do projeto. 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 Vales no WhatsApp "Na hora eu pensei: 'Que espécie é essa?'. Só depois, comparando com os outros indivíduos, percebemos que era um sauá. Foi um choque. É como encontrar uma agulha no palheiro." Veja os vídeos que estão em alta no g1 Casos de albinismo em primatas neotropicais – espécies encontradas na América Central e do Sul – são extremamente raros, e não havia registros anteriores para a família à qual o sauá pertence, composta por 63 espécies. O registro inédito foi feito dentro da área de floresta densa do parque, a maior mancha contínua de Mata Atlântica em Minas Gerais e uma das últimas em bom estado de conservação no país. O Parque Estadual do Rio Doce, criado em 1944, protege cerca de 36 mil hectares de floresta e abriga centenas de espécies de aves, répteis e mamíferos — entre eles, cinco espécies de primatas, três delas ameaçadas de extinção. O projeto Primatas Perdidos, criado por Vanessa Guimarães e outros pesquisadores, tem como foco justamente o monitoramento dessas populações. O uso de drones equipados com câmeras coloridas e termais, capazes de detectar o calor corporal dos animais, é feito justamente para conseguir identificar espécies mesmo nas áreas mais fechadas da mata. "O drone é uma ferramenta tecnológica muito eficaz para o levantamento de fauna. Ele nos permite acessar lugares onde não conseguiríamos chegar a pé, de forma mais rápida e com menos impacto sobre os animais", explica. Foi assim que o sauá albino foi registrado. O animal estava acompanhado de outros dois indivíduos de coloração normal. "Ele parecia totalmente integrado ao grupo, o que é interessante, porque muitas vezes animais albinos são rejeitados ou atacados pelos seus pares. Nesse caso, o comportamento era tranquilo, natural", conta Guimarães. O que pode estar por trás do albinismo deste animal O aparecimento do sauá albino é simbólico — e traz preocupação. Para os pesquisadores, ele indica possíveis efeitos do isolamento populacional e da degradação ambiental ao redor do parque. "O Guimarães do Rio Doce é uma espécie de ilha verde cercada por áreas degradadas", diz Vanessa. "O entorno vem sofrendo há mais de 150 anos com a expansão urbana, a monocultura e as atividades agroindustriais. Isso afeta o fluxo genético das espécies e pode aumentar a endogamia, ou seja, a reprodução entre parentes próximos." Esses animais, explica a bióloga, precisam de grandes áreas de floresta conectadas. "Quando as populações ficam isoladas por causa do desmatamento ou da urbanização, a troca genética diminui. E isso pode gerar mutações e anomalias, como o albinismo." Além disso, fatores externos, como poluição atmosférica e o uso intensivo de agrotóxicos em plantações próximas, podem interferir na expressão genética de animais silvestres. "Estudos apontam que gases como dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre podem causar alterações na pigmentação", explica. "Não podemos afirmar que foi o caso do sauá, mas é uma hipótese plausível." Uma espécie discreta e vital para o equilíbrio da floresta De nome científico Callicebus nigrifrons, o sauá — também conhecido como guigó — é um primata endêmico do Brasil, encontrado em trechos de Mata Atlântica dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. A espécie é monogâmica — o que contribui para uma população menor — e vive em pequenos grupos familiares, geralmente formados por um casal e seus filhotes, e é reconhecido por sua longa cauda avermelhada que contrasta com o corpo acinzentado. Discretos e de hábitos diurnos, os sauás são mais ouvidos do que vistos: possuem uma vocalização característica, uma espécie de dueto entre o macho e a fêmea, usado para defender o território e manter contato com outros grupos. Mas seu papel na floresta vai muito além do som. Eles são frugívoros — alimentam-se principalmente de frutas — e, por isso, são importantes dispersores de sementes, ajudando na regeneração natural da Mata Atlântica. Atualmente, a espécie está classificada como "quase ameaçada de extinção", segundo a lista nacional de espécies ameaçadas do ICMBio. A contínua perda e fragmentação do habitat têm reduzido suas populações e isolado grupos, o que aumenta o risco genético e dificulta a reprodução saudável.

FONTE: https://g1.globo.com/mg/vales-mg/noticia/2025/12/04/o-que-primeiro-registro-de-saua-albino-na-mata-atlantica-representa-para-o-meio-ambiente.ghtml


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